quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Breve e amigável consideração sobre a “Carta a Meneceu”

Epicuro (341.270 a.C.)


 Epicuro foi um filósofo grego nascido na ilha grega de Samos, em 341 a.C. cuja cidadania ateniense herdou de seu pai, sendo essa cidadania herdada algo de sua ostentação. Ele foi educado massivamente no platonismo, sobretudo com Pânfilo. A “Carta a Meneceu” é um escrito de Epicuro para o seu discípulo, de nome Meneceu. Sinceramente, nesses 4 períodos que cursei da graduação em Filosofia, este foi um dos textos mais tocantes aos meus sentimentos e à minha racionalidade, vale ressaltar, principalmente quanto à consideração sobre a morte, que abordaremos a seguir.

Podemos dizer que Epicuro, ao falar sobre a morte para Meneceu, apresenta um “remédio contra o temor da morte”, visto que ela é considerada pelos homens o mais aterrador dos males, fazendo eles entrarem em pânico em relação ao fato de que um dia “perderão” as suas próprias vidas ou que pessoas muito próximas a eles, como amigos ou parentes venham um dia a perder, o que, de fato, ocorrerá. Assim, o filósofo grego irá desestruturar todo o significado negativo atribuído à morte pelos seres humanos. Definindo-a, nada mais nada menos, como a ausência de sensação, ele dirá que ela nada significa nem para quem vive nem para quem já faleceu pela circunstância de não estar presente aos primeiros e estes, quando já mortos, não estarem presentes a ela. Quem é sábio, nessa concepção, não reclama da vida e nem tem medo de perdê-la, pois perdê-la não é um mal, pois a vida é dada pelos sentidos e eles são as causas dos mais terríveis males para o ser humano, diferentemente da ausência deles, na qual nós estaremos livres de tudo aquilo que venha nos deixar aflitos.

Quanto ao prazer, Epicuro visa à qualidade em detrimento da quantidade vendo o homem numa busca incessante para satisfazer os mais inumeráveis desejos que as sensações provocam nos seres humanos. Por esta via é necessário controlá-los, visto que há muitos prazeres que podem trazer dor e há dores, por sua vez, que podem trazer prazeres muito gratificantes para o bem-viver humano. Contemporaneamente, há a crítica de Sartre à concepção epicurista de desejo, para o filósofo francês, Epicuro acertou e errou ao mesmo tempo ao abordar esse tema, visto que, realmente, o desejo é um vazio, mas nada o suprirá, sendo o homem sempre um escravo dele, nas palavras de Sartre em “O Ser e o Nada”: 

"Assim, Epicuro está ao mesmo tempo certo e errado: por si mesmo, de fato, o desejo é um vazio. Mas nenhum projeto irreflexivo tende simplesmente a suprimir esse vazio. Por si mesmo, o desejo tende a perpetuar-se; o homem se apega encarniçadamente a seus desejos. “O que o desejo almeja é ser um vazio preenchido que forma sua repleção assim como um molde forma o bronze vertido dentro dele”."

Para concluir, eu expresso totalmente a minha sincera gratidão a esse texto e ao professor Edson Peixoto de Resende Filho, da Filosofia da UFRRJ, que me presenteou com o próprio livro. Esse livro, principalmente na consideração sobre a morte me fez superar ainda mais a morte do meu pai, um sério acontecimento que enfrentei no Natal de 2013 e pelas lembranças ao longo deste ano de 2014 que se finda. Valeu a lição!

“Nunca devemos nos esquecer de que o futuro não é totalmente nosso, nem totalmente não nosso, para não sermos obrigados a esperá-lo como se estivesse por vir com toda a certeza, nem nos desesperarmos como se não estivesse por vir jamais”.

Epicuro; “Carta a Meneceu”; página 33; Editora Unesp.

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