quinta-feira, 19 de junho de 2014

Copa, protestos e a venda da Democracia liberal à FIFA






Não podemos negar que a Copa do Mundo é um megaevento, os investimentos por parte do governo brasileiro na construção de estádios- as populares “arenas”-, além de investimentos em turismo a fim de proporcionar conforto aos estrangeiros que viessem para cá demonstrou muito bem esse grau de grandiosidade. Mas, diferentemente da Europa e demais países desenvolvidos, as condições sociais do Brasil acabaram por introduzir uma revolta nas classes que estão à margem do evento, culminado em protestos que, não apenas agora, mas desde as jornadas de manifestações de junho de 2013 vêm causando repercussões não apenas na imprensa nacional, mas na internacional.

As manifestações de Junho do ano passado apesar de incluírem a revolta contra a Copa das Confederações que estava sendo realizada, também incluíram diversos fatores de peso em repercussão como a revolta contra o aumento de vinte centavos nas passagens de ônibus, que invadiu e tomou conta de vários estados do país, os Black blocks foram às ruas quebrando o patrimônio público, como os bancos, etc. As revoltas populares aconteceram, mas, como sempre vem ocorrendo, foram reprimidas à peso pelas autoridades por intermédio da polícia: a tropa de choque abusou em massa das bombas de gás lacrimogênio, dos sprays pimentas, dos cassetetes e das balas de borracha. Sem contar os professores, uma classe que tem apanhado e muito do governo ao ganhar 10 reais pela hora-aula e quando faz greve e vai às ruas protestar por aumentos de salário e melhores condições de salário, levam como se diz popularmente: “tiro, porrada e bomba”. É necessário correr da polícia para não ser agredido... Disso concluo que não se deve falar em ‘melhorias no ensino básico’ sem citar a questão do salário dos professores, um dos fatores primordiais que garantem uma educação de qualidade.

A Copa de 2014 e até que ponto foi a repressão aos protestos?

A Copa de 2014 está aí e a insatisfação popular é muito maior que a satisfação, as repressões continuaram e, desta vez, pautadas pela Lei Geral da Copa. Uma lei que limitou ainda mais a voz da população. Colocou as classes pobres fora dos estádios e cedeu gastos para proporcionar as melhores regalias para a FIFA. Se o jogador Sócrates estivesse vivo e entrasse em campo com sua popular faixa na cabeça reivindicando algo, seria expulso do campo, sem mais nem menos. Aliás, melhor: a Democracia liberal foi vendida à FIFA em prol de um prazer momentâneo. E mais: o que seria do futebol mundial se não estivesse pautado pela Fifa? Devemos trazer esse ponto às nossas reflexões.

As manifestações inteligentes e legítimas devem continuar, sem medos, sem coabição, como as que ocorreram na antiga estrada Rio São-Paulo e impediram o meu deslocamento para a UFRRJ na Segunda-Feira e mais: Um protesto é inteligente quando a causa é defendida tendo por princípio a liberdade, quando se tem pluralidade de pensamento, jamais apenas repetindo jargões, palavras vazias e, claro, quando a percepção propriamente dita está acima da percepção imediata.

Compartihe!

Nenhum comentário:

Postar um comentário